Uma análise estrutural da vulnerabilidade externa econômica e geopolítica da Rússia
Os quatro ensaios que compõem esta tese tratam de características econômicas e geopolíticas estruturais da Rússia e da União Soviética, com ênfase na vulnerabilidade externa. Esses ensaios foram concebidos de forma independente, mas, dialogam um com o outro.
O primeiro ensaio, consagrado à geopolítica da Rússia do reino de Pedro o Grande até o fim do período soviético. Ele mostra como, depois de uma era de expansionismo contínuo até meados do século XIX, a Rússia, a partir de sua derrota na Guerra da Criméia, entrou numa fase de sua história marcada por uma forte vulnerabilidade do ponto de vista geopolítico. Esta vulnerabilidade decorria de diversos elementos interligados, como a proximidade de suas fronteiras com áreas de influencia de outras potências, a vasta extensão territorial de baixa densidade demográfica e econômica e a dificuldade de acesso a portos de mares quentes e abertos. Essa vulnerabilidade foi agravada, na época soviética, pela hostilidade gerada pela ameaça que a alternativa do sistema social soviético representava para as potências capitalistas.
Aliás, essa vulnerabilidade geopolítica da União Soviética se refletiu na escolha do modelo econômico soviético, concebido originalmente para garantir a sobrevivência da URSS num contexto de quase autarquia. O segundo capítulo analisa o crescimento econômico da URSS no período 1950-1991, levando em conta a grande importância dos aspectos geopolíticos da vulnerabilidade externa soviética para entender as mudanças estruturais da economia da URSS. Um ponto central das mudanças que ocorreram no período foi uma crescente integração da outrora quase autárquica economia soviética com a economia mundial capitalista a partir dos anos 1970. Esta integração gerou uma forte vulnerabilidade econômica externa (dependência de importações, pauta de exportações e endividamento externo) tanto comercial quanto financeira, o que, junto com a desorganização da economia causada pelas reformas da Perestroika, contribuiu para o colapso da economia e posterior fim da URSS.
O capítulo 3 estuda a trajetória da economia da Federação Russa após 1991, focando nos aspectos estruturais da evolução da economia russa. Muitas características estruturais da Rússia herdadas da União Soviética e notadamente sua vulnerabilidade externa, agravada pela abertura comercial e financeira externa descontrolada, tiveram um grande papel na definição do desempenho econômico do país. Juntamente com as mudanças radicais na atuação do Estado e suas políticas econômicas entre a ‘Era Iéltsin’ e a ‘Era Putin’, além das evoluções na situação da economia mundial, estes elementos estruturais influíram consideravelmente sobre o desempenho contrastado da economia russa entre a década de 1990 e os anos 2000.
No quarto e último capítulo, são analisadas as mudanças na inserção geopolítica da Rússia no período pós-soviético. O contraste entre o processo de forte enfraquecimento da posição geopolítica da Rússia na década de 1990 e a adoção de uma postura mais assertiva nos anos 2000 deve muito à recuperação interligada do poder de atuação do Estado e da economia russos, após a chegada ao poder de Vladimir Putin.
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