Moeda, Inércia, Conflito, o Fisco e a Inflação: Teoria e Retórica dos Economistas da PUC-RJ

Este artigo analisa as transformações na abordagem teórica e na prática de política dos autores ligados ao Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Mostrar-se-á que nos seus primeiros esforços esses economistas propuseram uma agenda não convencional, oposta aos economistas brasileiros ortodoxos e aos programas de estabilização do FMI. Através de estimativas para Curvas de Phillips esses autores identificaram a inflação brasileira como, preponderantemente, inercial, o que os levou a desenhar estratégias de estabilização que pudessem eliminar tal componente.

Surgiram propostas de política econômica que acabaram conhecidas como Choques Heterodoxos, ou seja, programas de desinflação de choque, com redução drástica das taxas de inflação e que seriam neutros do ponto de vista distributivo. Essas políticas foram postas em prática através do planejamento e execução do Plano Cruzado. Esse plano fracassou e os seus autores e gestores saíram do Governo, retornando para planejar e executar outro plano de estabilização, o Plano Real, dessa vez com enorme sucesso. Entretanto, nessa segunda passagem pelo centro de decisão e execução de políticas econômicas, esse grupo de economistas, a despeito de utilizarem-se, na prática, de teorias e instrumentos para políticas de estabilização filiadas a abordagem “heterodoxa”, adotaram uma interpretação ortodoxa para o fenômeno inflacionário.

 

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